quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

UMA TAÇA DE VINHO, DOIS TOMATES E UM PEPINO

Era um dia qualquer, uma tarde qualquer que virara noite, assim como outra qualquer. Uma tarde sem glamour e sem expectativas demasiadas, não era quente nem frio, era apenas final de tarde e começo de noite.

A casa silenciosa e quieta as poucos se encontrava aos murmúrios baixinhos, ora de um canto e ora de outro. Nada de novo e nada de tão belo que merecesse um instante ali para ficar marcado, era apenas convívio. Pessoas que chegavam e que ali também já estavam.

Comidas e bebidas de cores e vidas diferentes, assim como quem lhes faziam e serviam. Os sorrisos livres, as gafes não proibidas, tudo valia quando se juntava amigos, comidas e bebidas.

Os sons dos passos, a faca cortando os legumes da salada, a rolha que escorregava pela boca da garrafa e depois pelas pontas dos dedos da pessoa que falava. Tudo ali soava familiar, tudo estranhamente comum, a noite passava ligeira deixando rastros pela casa cheia de ruídos. Alimentavam-se entre frases não pensadas e risos não contidos.

A mesa ficando vazia aos poucos e sem pressa, acabava-se a bebida, os olhares não se penetravam mais, a madrugava servia suas últimas graças aos convidados, as palavras muitas vezes se calavam e a mesa não mais tão confortável. Chegada à hora dos abraços e olhares agradecidos por mais uma noite na companhia do calor e do abrigo.

De volta ao silêncio a casa, ainda que só, guardava as lembranças vividas, o som baixo, os aromas de cigarro e as sensações não entendidas. Do outro lado na pia, uma taça de vinho, dois tomates e um pepino.

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