sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

EPITÁFIO


Sou um ego ‘sem vergonha’ daquilo que não fiz
Um elo entre sonho e realidade
Sou alguma coisa passiva de desejos incandescentes
Um pensar largo de um fazer estreito
Embriago-me sem vinho, parto-me sem rumo
Ao golpe de um desafio me quebro em pedaços
Sou do mundo, desato laços
Na espera de um reino, de um castelo sem fissura
Na fagulha do que vejo, na entre morte do acaso.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

OPACO


A liberdade me esculpiu o fracasso
Eis aí o meu único norte
Não sou sopro nem vela
Qual a minha sorte?

Minha soberba cegou meus olhos
Entreguei-me à vertigem das coisas não simples
A simplicidade era algo de morte
Quem é que me acorda?

A vaidade revestiu meu corpo
Olhando no espelho parecia verdade
Aquela mentira envolvente
Por que ainda aplaudem?

Minha indignidade tornou-se austera
Mais digno era um moribundo sincero
Minhas palavras matam a semente
Quão grande é meu vazio?

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

TER DE VOLTA


O ter de volta enchem meus olhos de apetite
Como uma chama voraz que acende sem permissão
Retiro-me de meu mundo e acordo de meu torpor
Rasgo todas as vestes já conhecidas que de outras sucumbi
Dessa prisão fria que se fez minha amiga
Desse medo disfarçado de segurança que sempre me acompanhou
Estou só pra ser tua, nua
Flutuando numa imensidão que desconheço
Meu corpo tem marcas pesadas de um passado exacerbado
Calafrios que sobem em meu peito e se enroscam por completo
Estou ficando sóbria de um entorpecer platônico
Ficando ausente de um querer distante
Há mais liberdade agora que outrora, nesse poente longínquo que me sorri
Melodiando teus votos pra escutar com ouvindo de criança, leve
Perdendo-me como se ainda houvesse esperança...
Tenho fé nas tuas cochas, no envolvimento de teus laços
Na febre dos teus gemidos sinto-me abrigada
Percorro todas as curvas de tua estrada como se fosse o único caminho
Deleito-me em prazeres carnívoros e urgentes
Torno-me discípulo fervoroso de teus lábios
E fiel a tua boca me torno contente.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A JANELA DO QUARTO


Caminhando, pelas paredes do quarto até a sala de estar. Seguia a linha e observava a luz contornando a sombra dos móveis. Desde pequena até os longos anos que agora me encontro sentia o vazio como um sino de igreja, com aquele som arrebatador e suave, com necessária força para soar.
Do quarto que tinha e dos cômodos que percorria pouco me lembro, mas das sensações que ali encontrava e que só o meu mundo entendia, vejo claramente, como em um sonho fresco do despertar.
Da janela do meu quarto eu via aquela menina, um ponto longínquo e ofuscante, que me fazia parar. Caminha parece que dança, olha parece que fala, sorri parece que canta, e assim, me descobria paralisada e imóvel percorrendo o ar procurando um aroma para marcar esse momento único que tantas vezes se repetia, e que, cada vez mais único tornava-se.
Quantas vezes parei, na janela do meu quarto, só pra te ver passar, quantas vezes deixei minha vida de lado para o momento único da janela do quarto.
Todas as festas e datas comemorativas que preferia deixar passar, e como refúgio, para a janela do quarto voltava a olhar.
Podia descrever qual era à sombra de cada detalhe que via da janela, a qualquer hora do dia, em todas as fases da lua. Era ali que me alimentava, era ali que adormecia.
Aquela menina era o contraste das coisas que lá então permanecia. Ela não era como o cachorro da vizinha que hora ou outra latia, não era como a água da piscina que sempre derramava, mas nunca ficava vazia e também não era como o carteiro que dia sim, dia não, aparecia. A menina era algo mais, algo mais do que os carros que passavam, algo mais do que as crianças que brincavam, algo mais do que os jardins que floriam. Era da janela do quarto que buscava algo mais e era algo mais que a menina trazia.
Depois de muitos carnavais e natais percebi como a janela do quarto estava vazia. A minha menina, o brilho dos dias, já não aparecia.
Descobri que todos os detalhes que tinha e tudo que ali existia era apenas enfeite da menina. Até a janela do meu quarto, que antes me trazia alegria, morria com a ausência da menina.
Hoje olho pela janela e não vejo as coisas que antes via. Agora procuro a menina olhando no espelho e não mais pela janela vazia, e vejo que não tinha.
A janela do quarto, mórbida e sombria, o espelho nada mais do que possuía.
***

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O DIFERENTE

Qual é a responsabilidade de ser o que é?
Pré-conceito, bons argumentos e todo o preço
Aquilo que pede é o grito de justiça
O que comanda é massa social desentendida
Falar aos cotovelos, punir de imediato o que não crê
Habilidades numerosas condenando o que não respeita
E a mãe machuca o próprio filho já prendido em desapego
E a verdade prevalece apenas em sonhos
Orgulho dos guerreiros que lutam pela vida
Expondo corpo e mente, sentindo na carne o peso da lida
Respeito estranhoso pelos que conquistam a glória
Tente ser invisível e andar cabeça erguida!
É um crime de ofença, apenas poucos podem
Mas não é dos poucos que falo em voz ferida
São tantos caminhos, tantas verdades escondidas
Para os de fé deu-se o livre arbítrio
Para os livres, sua liberdade
Procurando a raiz dessa questão deferida
Encontro humanos prepotentes de tanto egoísmo
Solitários em tantas medidas
Tristes em tantas crenças
Sofrendo assim todos os lados
Incrível esse prazer de julgar
Tolerando o de bom tom
Condenando o "diferente".

quarta-feira, 18 de abril de 2012

SOB MEDIDA

Levando a vida sob medida, acima da medida
Traçando o compasso e reinventando os traços
E traça daqui, arruma dali e mexe de cá
Seguindo caminhos e mapeando idéias
Destino é uma coisinha miúda que cabe no bolso
Bagunço os cabelos no vento constante
A criança em mim brincando de gente
E a ciranda roda sem parar e cada vez mais urgente
Sente, quer dançar, quer cantar e quer seguir em frente
Meu juízo preguiçoso faz de mim areia, sem beira
Corre! Eu corro e descanço
Segue! Eu sigo cegando
Menina de travessura tentou ser grande
E de coração tão livre se descobriu maior que antes.

terça-feira, 17 de abril de 2012

INCONSTANTE

Tudo é sempre muito inconstante

Os amores, as revoltas, as conquistas

Está tudo sempre se renovando

E ao mesmo tempo está tudo sempre voltando

Você não tem o mesmo sorriso de quando criança

Não tem a mesma pureza, nada tem o mesmo sabor

Você cresce e desaprende a amar

Você vive dando valor ao que te parecia confuso quando era jovem

Você vive sofrendo por ter crescido

Você vê graça naquilo que não possui

E quando possui, já perdeu a cor

E você se torna escravos de seus desejos

Ta tudo muito inconstante

Você não sabe o que tem mais valor

O carro do ano e o amor de sua vida ocupam o mesmo espaço

Você acha que generosidade te da direitos

Você cobra o perdão e põe preço na bondade

Você vive lutando contra aquele que é seu irmão

A paz é discutida, mas não é praticada

Você nasce sem saber e morre sem aprender

A vida lhe mostra caminhos

Você se torna inconstante.

CATIVANDO SONHOS

Eu cativei os sonhos dela
E nem sei ao certo o porque
Ela falava da minha doçura e de um olhar sedutor
Eu falava pra ela das minhas bobagens comuns
Ela ditava o meu encanto e sem saber também me encantava
É tão distante como qualquer outro ponto no espaço
É tão perto do peito que ás vezes me aperta
Eu agrado ela nas sutilezas, ela me agrada na crença
Eu desfruto dela por vários momentos
Ela me tem como desejo de fruto proibido
Eu sou pra ela uma fuga contente
Ela é pra mim como alegria de nova semente
Ela não é minha e eu também não sou dela
Capaz que ainda exista ela no meu caminho
Talvez eu ainda seja o caminho dela.

domingo, 15 de abril de 2012

VÍCIO

Ao meu vício, um pouco de liberdade
Aos meus pensamentos temperados de ansiedade
Um pouco de calmaria e ventos brandos
aos meus desejos, a tua boca
aos meus anseios, espero que não te demoras
Ao que tenho em mim, espero que cure com um pouco de ti
Ao vazio que sobra, que o tempo preencha
As minhas rasas lembranças, que perdurem
Pois não há nada mais efémero que o teu sorriso
Não há nada mais duradouro do que a falta eminente em mim.

VESTÍGIOS

Tem vestígios teus por toda parte
Em cada fragmento de memória
Em um resto de aroma que se esvai com o tempo
Tem vestígios de saudade em minha boca
Tem sintomas de que você passou por mim
Tem um bilhetinho teu que não me deixa esquecer
tem várias contradições e poucas explicações
Tem vestígios em toda parte de uma ausência tua.

sábado, 31 de março de 2012

HISTÓRIA DE AMOR

Em todo canto, em todo lugar
Tão fácil de imaginar
Aquele sorriso em seu rosto de menino
Tão fácil se apaixonar
Cresci contigo, melhores amigos
Eu do terceiro, ele do quinto andar
No meu quarto noites aflitas
Esperando o tempo passar
Cada segundos que eu contava
Era um minuto a menos pra lhe encontrar
Todo novo dia era motivo de alegria
Porque via ele chegar
A gente ia pra escola ao meio-dia
Eu imaginava sua mão pegar
Nada é tão bom como lembrar
Do tempo em que sonhava te namorar
...
E a história não acaba por aí
Teve um dia que ele veio me pedir
Pra ir no cinema no sábado a tarde
Comer pipoca e chocolate
Por alguma razão não sei qual foi a sessão
Só sei que ele pegou na minha mão
Minha perna tremeu e o coração disparou
Perto da minha boca chegou
Foi tanta emoção que fizemos confusão
E o meu nariz ele beijou
O tempo passou, o filme acabou
E vermelhos de vergonha ninguém mais falou
Na volta ele escreveu
Um bilhetinho que me derreteu
'Namora comigo, não quero ser só seu amigo
Não sei se você percebeu'
E na porta de casa, na hora do adeus
Um beijo de amor ele me deu.

terça-feira, 27 de março de 2012

MUNDINHO

Eu criei um mundinho
E nele tinha uma varanda
Que tinha café
E lá tinha tudo que tem você
E no mundinho tinha um criado mudo
Que guardava as imagens de tudo
O mundo era de mentirinha
Mas eu sempre estava por lá.

sábado, 24 de março de 2012

AMOR DE PIERROT

Quero saber do teu dia

Dos teus vícios e das tuas vaidades

Quero saber a hora em que vai dormir

E se vai pensando em mim


Quero saber de cada vazio

Ocupar-me de cada espaço

Tentar descobrir um jeito de ser

Uma maneira de agir que te faça querer


Seria tão cruel se estivesse me envolvendo

Com a certeza que teu coração nunca será meu

É como se apegar a fagulhas de fogo

A um vento veloz que passa cortante


Não quero te implorar um carinho

Pra provar que posso te fazer bem

Não quero ser teu Pierrot apaixonado

Que vive a esperar pelo amor que não vem


Mas na verdade sei que na primeira lágrima

No primeiro vestígio de mínima fraqueza

Assinarei minha sentença de morte

Por deixar em teus braços minha própria sorte


Minha promessa é de não abandonar-te

Por mais cruel esse teu amor de Colombina

Que enche meus olhos de dúvida

Mas preenche meus risos de arte.

quinta-feira, 22 de março de 2012

PAIXÃO

Paixão, sempre a paixão

O quão adorável e maluca ela pode ser

Um tanto maligna e prazerosa

Um livro para minhas paixões

Mil contos, infinitos versos

Canções melosas, sussurros ao pé do ouvido

Suspiros perdidos pelo ar

Paixão juvenil de encher os olhos

Paixões perigosas e fatais

Diga-me qual é a tua?

Digo-te, único tu não és

Vibrantes, tímidas, platônicas

Sorriso armado no sol da manhã

Triste lágrima em pleno luar

Diga-me o quão racional pode ser a tua

Eu digo o quão tolo tu és

Aponte-me a raiz permanente

Eu te digo apenas galhos sem direção

Teus pés ao vento, tua cabeça virada

Diga-me tuas razões

Mas não invente o que não possui

Paixões do acaso, olhares

Qual olhar seduz o alvo a que se atira

Teu outro sentido mistério sente a paixão

E clama, imploro, prolifera

Teu canto paixão que conduz.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O GRANDE AMOR

Ouvi dizer que teu olhar se encantou pelo meu

Que o meu amor sabe tudo do teu

Que a nossa estrada ao longe se vai

Não perde tempo e nem olha para trás

Ouvi dizer que tu roubaste o perfume da flor

Capturaste a leveza do ar

Que tu dançaste ao balanço das ondas

No vai e vem do mar nos meus sonhos

Eu vou gritar pelos cantos do mundo

Que eu vi nascer em toda parte

E brotar a cada segundo

O meu amor que se alimenta de tudo que é teu

Que cresce as margens do que prometeu

E se entristece ao som de um adeus

Pobre amor que não sabe ao menos sofrer

E não agüenta a dor de perder

O grande amor, meu grande amor que é você.

sexta-feira, 16 de março de 2012

PONTO FINAL

Pisquei o olho e quando vi
Você estava ali
Me pedindo pra ficar
Pra nunca partir

Quando olhei logo pensei
O que te trouxe aqui
Se quando eu quis falar
Você não soube ouvir

Será mais uma dessas histórias
Que não duram mais que meia-hora
Fica gravado na memória
O que será dito agora

Talvez eu ache um novo amor
Que cure as feridas que ficou
E realize o meu desejo
De apagar o que passou

Pra você faço votos
De que consiga entender
A estrada às vezes dá um nó
Porque não teve o seu melhor

Ponto final
Pra uma história que já ia mau
O pior que pode acontecer
É você sobreviver
... e viver.

segunda-feira, 12 de março de 2012

DUAS

Se eu pudesse escolher queria ser duas
Uma pra viver na felicidade
A outra no vício
Uma pra ser acordada com beijos gentis
A outra pra ter insônia com pensamentos virís
Uma pra dar uma flor
A outra pra arrancar as pétalas
Uma com todo amor
A outra com os poetas
Vivo na virtude infeliz de não ser duas
cultivando pensamentos duplos em alma uma.
Quem se diz completo, me mostra o caminho
Pois tenho em mim o que não é direito
Sou uma só, sem desejos únicos.

quarta-feira, 7 de março de 2012

VERSINHOS FATÍDICOS

Quando escurece, a lua floresce
e a saudade dormente em meu peito
agora se resplandece
Crio a sensação de um falso espelho no céu
onde se cria meus pensamentos e reflete você
que poderia estar do lado de lá, olhando pra cá.
Em questão de segundos recrio o mundo pra você estar
onde cada lugar nosso é perto da onde queremos nos encontrar.
Entre meu limite de respiração e a sensação de você chegar
Tem tantos quilômetros que às vezes nem te vejo passar
E a lua que desaparecia como num eclipse lunar
volta linda e serena pra me ver caminhar
E dela eu tenho o aval pra continuar
escrevendos tolices pra te agradar.

domingo, 4 de março de 2012

SEGUINDO EM FRENTE

E a vida vai seguindo assim mesmo

Aceitamos com o tempo que perder é aceitável

E com o passar dos dias fica tudo mais calmo e limpo

As dores causadas por lembranças antigas

Hoje só lembrança, guardo como pedaços de mim

Tudo que fiz é de alguma maneira o que sou

Nada de arrependimentos, não ajuda no que ainda virá

Sei que de certo mudaria muitas coisas

Mas não vejo o porquê perder tempo pensando no que já foi marcado

Respiro o hoje, meus conflitos são reais e não fantasmas do passado

O sol da manhã me esquenta nesse momento

Assim como as lagrimas passadas secaram e cicatrizaram

Vejo sorrisos antes de dormir, ele é meu assim que acordo

Sou eu que guardei, a responsabilidade é toda minha

Tenho o direito de escolher como vai ser

Leque de opções não ofusca o que realmente importa

E se tiver que cair, que levante

E se tiver que chover, que molhe

Hoje a segurança enche meu peito de conforto

Qualquer coisa pode me atingir, é certo

Ainda assim estarei de peito aberto

Depois do medo serei somente eu

Depois da tragédia acredite, estarei de pé

O que quer que eu faça, fiz escolhas

Por onde quer que eu ande, caminharei em frente

É assim que escrevo meus passos

Tudo que pode ser, tudo que ainda chegar

Olharei com prazer, sentirei com prazer

É somente eu e o resto todo.

sábado, 3 de março de 2012

CANTIGA PRA ELA VOLTAR

Eu não sei se é minha culpa
Mas ela me arrepia o corpo e a nuca
Basta com teu jeito me olhar
Essa moça é tão sagaz
Me enebria os pensamentos e tudo mais
Olha o bem que ela me faz

Nossa amor é juvenil
Desde o dia em que partiu
Namoro tuas lembranças e nada mais
Sei que um dia há de voltar
E meus beijos prometidos vou te dar
Olha só o que fiz pra te esperar

Uma casinha bem bonita
Lá na beira do rio
Onde jurei teu amor conquistar
Um jardim bem florido
Que aconchega nosso abrigo
E perfuma o destino
Que ali deve florar

Da janela a visão
de nuvens de algodão
que esculpi pra te agradar
Da lareira o calor
Que aquece meu amor
e faz dela me lembrar

Ah se ela soubesse
da vontade que eu tenho
de viver ao lado dela
e com ela me casar.

sexta-feira, 2 de março de 2012

ASPEREZA

Que doce ilusão é essa que ainda me faz sonhar e esperar

Porque quando me deito enrolo em suas lembranças

Que fracasso é esse no peito que me corta os pensamentos

Não sei mais onde me escondo

Preciso desertar minhas palavras e todos os sons

Agonia profunda de ter momentos ao qual me apoiar

Se escolha tivesse talvez mudasse o tempo de lealdade

Sua presença não ficou pregada em mim, você não está

Mas a essência daquilo que não explico me sufoca em aspereza

É o que significa que ainda envolve meus sentidos embriagados

E gotas raras de esperança ainda esperam

O caminhar normal não é mais possível

Houve um dia em que encontrei

Haverá um dia de reencontro.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

AMOR EM OPÇÃO

O amor é único entre milhares
parecidos entre os únicos
o meu amor não é igual ao seu
E o seu já foi de alguém
E esse alguém ainda pode ser meu
O amor me deu e me tirou
me deu futuro e se fez momentos
indefiniu todas as razões
equacionou o que eu sabia e o que esperava
formulou algo que não compreendo
mas de um jeito estranho eu sigo
O amor se fez de mim
Porque em opção, me fiz dele.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

NEM TUDO É GRAÇA

Nem todo amor é pra sempre

Nem toda aventura me diverte

Tenho disso meu ponto de partida

Nem toda dor fere

Nem toda saudade é ausente

Tenho em mim tudo que preciso pra ser contente

Das histórias, das músicas...

Vive em mim o que se faz presente

Nem tudo que passa cicatriza

Nem toda jura é permanente

Nem toda paixão enlouquece

Nem toda amizade é coerente

Então digo,

Nem tudo é como sente

Nem todas as palavras são interpretadas corretamente

Deixe solto, leve aquilo que te faz envolvente

Porque nem tudo é graça.

Nem tudo parece o que é realmente.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

AURORA

Se a hora do sono se apressa
em murmúrios luto contra o tempo
Infiel amigo esse, que me pega sempre desprevinida
Ele vem e te leva, ele vai e eu fico
Todo começo de noite me pergunto
Qual nova "história" crio, pra te ter mais comigo
Ela se foi, mas continua aqui em meu abrigo
Ora música, ora lembrança, ora palavra
Por hora é só o que tenho, mas logo digo
Ta lá de longe e mexe tanto
nem parece que é verdade esse conflito
me apresso em dizer, ela tem um grande apreço
Mas dorme cedo, o que posso fazer
Outrora ela acorda, eu continuo dormindo
Mas hoje é diferente, ela bebe café como se estivesse comigo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

DA PAZ A TODA DESORDEM

Com você da minha paz a toda desordem

Curtos passos teus a me seguir

Que direi eu ao sentir a prosa cortante

Meus calos já são escudos falhos

Minha voz não é porta do que era antes

Doce, era doce, amarga presença distante

Enche-me os olhos dessa pobre agonia

A farsa de todos os dias tem seu filho, a dor

Breve esse teu meu futuro ancorado no vento

Dos apegos me desapego

Das falsas lembranças me alimento

Hoje é dia da verdade dita

Não sei se vale mais a palavra ou a mentira

Das lágrimas arrastadas aos sorrisos distorcidos

Bem valho mais eu em contra partida

Em cada gesto encontro partes do partido

A cada ato me encontro mais em teu fluído

Esse laço ta solto e o nó ta desmedido

Parte minha quer voar pra todo desconhecido

A parte que é tua quer aninhar em teu abrigo

Valente aquele que sabe qual é teu caminho

Eu espero das noites os dias

Da estrada quero a travessia

Põe-se na caminhada e segue meu guia

Preciso das nuvens que me voam

Mas quero de ti as pedras que piso.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

UMA TAÇA DE VINHO, DOIS TOMATES E UM PEPINO

Era um dia qualquer, uma tarde qualquer que virara noite, assim como outra qualquer. Uma tarde sem glamour e sem expectativas demasiadas, não era quente nem frio, era apenas final de tarde e começo de noite.

A casa silenciosa e quieta as poucos se encontrava aos murmúrios baixinhos, ora de um canto e ora de outro. Nada de novo e nada de tão belo que merecesse um instante ali para ficar marcado, era apenas convívio. Pessoas que chegavam e que ali também já estavam.

Comidas e bebidas de cores e vidas diferentes, assim como quem lhes faziam e serviam. Os sorrisos livres, as gafes não proibidas, tudo valia quando se juntava amigos, comidas e bebidas.

Os sons dos passos, a faca cortando os legumes da salada, a rolha que escorregava pela boca da garrafa e depois pelas pontas dos dedos da pessoa que falava. Tudo ali soava familiar, tudo estranhamente comum, a noite passava ligeira deixando rastros pela casa cheia de ruídos. Alimentavam-se entre frases não pensadas e risos não contidos.

A mesa ficando vazia aos poucos e sem pressa, acabava-se a bebida, os olhares não se penetravam mais, a madrugava servia suas últimas graças aos convidados, as palavras muitas vezes se calavam e a mesa não mais tão confortável. Chegada à hora dos abraços e olhares agradecidos por mais uma noite na companhia do calor e do abrigo.

De volta ao silêncio a casa, ainda que só, guardava as lembranças vividas, o som baixo, os aromas de cigarro e as sensações não entendidas. Do outro lado na pia, uma taça de vinho, dois tomates e um pepino.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

TUDO NOVO

Largando a roupa velha, jogando fora os restos de comida

É assim que é quando o presente não é mais como a gente imagina

Os hábitos são mudados, os pensamentos desligados

É tudo novo e tudo começa pelos novos atos

E lá vamos nós devagar e com muito medo de errar

Passos confusos e tortos por onde não esperávamos caminhar

E faz-se um novo caminho de prontidão esperando a gente passar

Melhor então é deixarmos nossas memórias pelas flores do lugar

Espinhos são secos e por mais que não queiramos há sempre de nos cortar

Levaremos o aroma doce das rosas, partiremos por onde há vento a soprar

Na bagagem traremos apenas experiência e não dores penas

O bilhete de partida é riso solto a tomar-se de nós

Lembraremos sempre que estar seguro é uma leve bruma no ar

Seguraremos no que há de melhor em cada um de nós

Viveremos por horas, minutos, segundos que nos dermos pra voar

E é tudo novo, exatamente como nós, e nada nos faltará.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

NÓS E O AMOR

Nós nascemos para o amor, isso é incontestável. Alguns temam em dizer que não, que não nasceu para amar e tudo mais, que o amor não te faz feliz, que as lágrimas não valem a pena e que não existe nenhuma tampa pra sua panela. Insisto em dizer, é pelo amor que estamos aqui, é em busca do amor que ainda caminhamos.

A o amor, sentimento nobre que se encontra em uma linha tênue com os outros, tão mais fáceis de serem explicados e entendidos. Quem nunca teve aquela vontade de se apaixonar perdidamente, cometer loucuras por esse amor, ser insano e ter o álibi de ser um amante incorrigível a seu favor.

É certo que às vezes tenho a impressão que algumas pessoas nascem para amar, e outras para serem amadas. Não sei bem como explicar isso, é só uma observação que faço. Provavelmente você que está lendo já sentiu alguma das duas sensações que descreverei aqui.

Ser amado é como se o mundo estivesse sempre a teus pés, como se os pensamentos e desejos estivessem apenas um segundo da realidade. O chão nunca é duro quando desequilibramos e quase caímos, as águas nunca são turvas e os passos nunca sozinhos. Ser amado é quente e confortável.

Mas há aqueles que amam, simplesmente amam. Atrapalho-me nas palavras tentando descrever o quão gentil e cruel pode ser amar alguém. As noites em claro só para lembrar os raros momentos, aquela vontade insistente e até masoquista de ouvir repetidamente a mesma música só porque faz lembrar o sorriso ou como andava. O jeito perturbador como a pessoa que amamos mesmo distante, está em cada detalhe do nosso dia. Amar é insanamente prazeroso.

Afirmo que a maioria de nós não consegue compreender a grandiosidade disso tudo, afirmo que é certo que amaremos ou seremos amados ao menos uma vez, talvez o amor venha a nós das duas formas, talvez não reciprocamente, talvez sim.

O conselho que dou: olhe ‘aquele’ olhar o mais profundamente que puder, prove ‘aquele’ gosto até seu sentido esgotar todo o sabor, desfrute ‘aquele’ sorriso até sua última gota, goze das virtudes de seus sentimentos, por que ‘aquele’ precisa saber de sua existência.

Não deixe que ninguém diga o que é e o que não é certo quando se trata de amor, as certezas já viraram tragédias, as incertezas já viraram belas histórias.

E eu?? Continuo apaixonada pelo amor.

APENAS AMOR!

Estamos sempre em busca do amor e não da perfeição
É apenas amor
Quando a gente acorda e dorme do mesmo jeito é um amor
Mas não é aquele amor de quando se vê pela primeira vez
Existe o amor delirante e o amor viciado
O amor envolvente e o amor necessitado
A gente vê o amor, mas se não sente...
Daí procura-se por aí
Eu te amo, mas ainda tenho tanto amor
E não to amando ninguém
Me apaixonei bastante durante um olhar
E não nego que olhei
Apenas escrava dos encantos de tudo que é belo
Não é falta nem excesso
É apenas amor!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

COLO DA NOITE

Escrava de meu carinho apegado

Sigo em agonizante escuridão

É que às vezes me parece injusto

Dar-te tanta felicidade enquanto há dor perpétua em meu coração

Enquanto te consolo em meus braços

Meu amor se entristece

Minha força sem força padece

Meus rasos olhos transbordam toda magoa calada, doída

Em noites silenciosas meus sentidos se tomam de mim

Evitar é algo tão pensado que me esqueço

Caminhar é algo tão pesado que me perco e me deito

E os sonhos enlouquecem, reencontro em palavras meu berço

Dorme criança que essa cruz é demasiada grande para ti

Sonhe com teus versos gloriosos, há pureza na fantasia

Realidade se esvai como felicidade e não há rimas consoláveis

Vai criança, deita-te no colo da noite que amanhecendo a vida te espera.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O JULGAMENTO

Sobre o caráter dele deixo em aberto uma pauta para análise

Retiro primeiro todo orgulho e começo a seguir minha acusação:

Sua forma arrogante circulando rapidamente a dominar o corpo

A intolerância que ele provoca diante da racionalidade

O estridente sabor que causa na língua, toda ela já mordida de obsessão

Como pode ele tão insolente entrar e sair sem permissão

E dar voltas e voltas em cada pensamento

Modificando assim cada ação

Como é negável toda sua forma de expressão

Ah, toda covardia no escuro não oprime tua exalação

Sua força alicerçada da criativa imaginação

Atreves a buscar em calos feridos teu abrigo

E planta tuas sementes e rega teus caprichos

Quando a ti descobrem, pobres

Todos já condenados a tua prisão

Peço diante dos demais sentidos tua condenação

Minha base se firma dada tanta indignação

Pois o peso dado a quem ti carregas

Não vale um quinto da tua fascinação

Junto aqui todos os sentimentos feridos

Cada um com seu Q de razão

E suplico a todos tua detenção

E se não fosse pelo calor amante

Tu ciúmes, não terias teu perdão.